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terça-feira, 31 de maio de 2011

“Duelo de classes” nas polícias militares

Em geral, a postura das polícias reflete predominantemente a cultura da sociedade onde está inserida, afinal os valores trazidos pelos integrantes que as compõem foram obtidos no meio familiar e social que fazem parte, mesclando-se com a tradição da instituição. O brasileiro é tido como malandro, o que entre outras características, aponta para a indisposição a adequações hierárquicas e disciplinares mais rígidas.

Algumas palavras são capazes de manifestar essa qualidade, notadamente o termo irreverência, muito utilizado como qualidade positiva de humoristas ou personalidades benquistas, quando na verdade, em sentido denotativo, significa a não reverência, não acatar autoridades, ser desobediente. Isso demonstra como certos termos possuem significados distorcidos impregnados, o que também ocorre em estruturas hierárquicas militares.

Conflitos classistas entre praças e oficiais são históricos e parecem intermináveis, contudo uma interpretação alternativa faz crer que é ledo engano atribuir as diferenças e desavenças a postos e graduações, sem perceber que o problema se encontra em atitudes e condutas de pessoas específicas. A falta de uma percepção mais nítida leva a distorções da realidade, de modo que a sugestão que se segue seria capaz de comprovar o equívoco lingüístico existente na comunicação sobre problemas internos das corporações, seja no trato pessoal, em condutas legais ou outras áreas.

Será que se de repente só existissem praças, sendo nomeado para o comando geral um subtenente, ficando os sargentos responsáveis pelo comando das unidades, os cabos coordenando a execução do serviço e os soldados responsáveis pela execução prática, veríamos o fim das tão reclamadas diferenças? Ou ainda se, ao contrário, todos fossem oficiais, tendo no extremo um marechal, na cúpula generais, no intermédio coronéis, na coordenação majores, e no comando das guarnições da área capitães chefiando tenentes, enfim se encerrariam os problemas?

Obviamente não, a questão ultrapassa com folga os limites da mera nomenclatura ou nivelamento em graus hierárquicos, porém insistentemente há quem se apegue ao fatalismo vitimista, atribuindo a si maldições impregnadas e a determinada patente qualificações negativas, quando o problema se encontra ou na pessoa ou nas engrenagens que estruturam o funcionamento da máquina.

A ideia do texto pode ser truncada para alguns, mas há de ser esclarecedora para outros. Existem problemas, alguns muito graves, e minimizá-los de modo simplista a duelos de classes é um passo para trás na tentativa de solucionar. Quem teima em criar determinismos generalizados (na lógica = se praça então tal, se oficial então aquilo) presta um grande desserviço.

Victor Fonseca - www.abordagempolicial.com

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